terça-feira, 16 de maio de 2006

Sei que raramente passas por cá, mas pode ser que passes hoje. Deixo uma carta que te escrevi num dos muitos dias em que me fizeste falta! Obrigada por tudo amiguito!


Porto,
2005/04/05


Hei, miúdo!!
Hoje precisava mesmo de falar contigo!!
Quer dizer, hoje precisava mesmo de falar, de preferencia contigo.
Continuas a ser até hoje quem melhor me soube ouvir, e tantas vezes nem tive que falar!
Soubeste ler-me, ainda hoje, das poucas vezes que nos encontramos, tens aquela facilidade absurda de já saber tudo.
És dos mais altruístas e generosos que já conheci, mesmo que embrulhado no teu egocentrismo de menino.
Tens mimos para tudo, beijinhos para tudo e verdades para tudo!
És tão sincero, tão espontâneo, tão diferente.
Amigo.
Tenho muitas vezes saudades tuas, também as tenho dos outros, mas as que tenho de ti são diferentes. Lembrar-me de ti é sentir-me preenchida de todas as memórias que temos juntos, e todas são boas, até os piores momentos foram bons. É mesmo estranho. Somos muito estranhos!!
Gosto muito de ti, amigo.
Acho que nunca tive tanta pena que Berlim fosse tão longe.
Mas Berlim é longe, mais longe do que o meu pensamento possa alcançar, e telepatia assim começa a ser difícil!
Fico a aguardar que voltes, depois de te divertires muito.
Não te esqueças que o tempo urge e queima, aproveita-o!!
Carinho!!
Mónica

quinta-feira, 4 de maio de 2006

No silêncio do que não dizes posso ouvir o que nunca quiseste dizer!

terça-feira, 21 de março de 2006

Espera


Hoje,
Por entre lágrimas de sangue
Pensei em desistir
De quê?
Perguntas tu, como a sorrir
Por saberes que mais nada há a perder

De sonhar!

Só me resta a alucinação
De um dia descobrir o fim da estrada
Mas sucumbo de exaustão
Caio por terra, esgotada

Já não há chão

E respiro
Num último folego de luz colorida
Mais um penso rápido na ferida
Que se recusa a ser cicatriz

Só mais um sorriso de alegria
Para encobrir toda a agonia
E vou à procura de ser feliz

Adio por mais um dia o cansaço
Dou nova máscara ao embaraço
Sou novamente uma alma exemplar

E espero em lassidão dormente
Que o sol que nasce para toda a gente
Amanhã me possa visitar!

sexta-feira, 10 de março de 2006

Eu sei que Homem és!

Não deixes que te calem as palavras,
Que te comprem os sentidos,
Que te levem a razão

Eu sei quão Homem és!
Conheço-te anos perdidos...

O tamanho que tu tens
É o do teu coração
E eu sei o quão grande és
E todo o mundo encolhido
Cabia na tua mão
Mesmo sem o teres pedido

Não deixes
Que te amarrem no silêncio

Podes ser quem tu quiseres
Não adormeças sózinho...vive!
Estejas tu onde estiveres
Teu coração bate livre!
Sopro

Aproxima-se...
Lenta e dolorosamente,
Perde a cor,
Adormece o sentimento,
Ergue a dor,
Aromatiza a sofrimento
O que outrora foi amor!
Amarra o corpo,
Leva a visão, esvazia a mente,
Pinga gotas de suor
De uma batalha dormente
Em que socumbo
Cansada, vazia, liberta,
Enfim só à minha sorte...
É mais uma porta aberta
A que os sábios chamam Morte!
Fiel Jardineiro

Perdi o tempo, o espaço, o meu abrigo
Chorei sózinha a minha mágoa, a nossa dor
Fui acolhida pelo conforto de um amigo
Que me deu um canteiro e me fez flor

O meu fiel Jardineiro!

Fiel a si, aos sentimentos e aos sentidos
Semeou no meu vento a tempestade
Sonhador perfeito de amores proibidos
Defensor incondicional dessa verdade

E na pura arte de semear
Plantou sorrisos no meu coração
Dou-te as palavras que te posso dar
Quando as não tenho...dou-te a minha mão!
Metamorfose

Quebram-se laços
Marcam-se fronteiras
Regressa-se ao passado, repetidamente
Cada riso e cada lágrima presente
Memórias ... armadilhas traiçoeiras!

Recomecei
Mas não consigo renascer do nada
E as cinzas reacendem, ganham vida
E a cada vivência repetida
O medo e a vontade de mão dada

Transformo a minha imagem no que sou?
Ou transformo-me naquilo que te dei?
O desejo e a paixão que não te dou
Pedaços de saber que rejeitei...

Quero e sei e ardo e asfixio
Medo, sangue, dor, angustia e frio!!

Desconheço a sombra, não há luz

E na cadência das prioridades
Não te desvendas, não és transparente
Perdes-me em verdades e verdades
De uma imensidão resplandecente

E na minha estável cobardia
Que eu nunca soube compreender
Prefiro a certeza à agonia
Se não te tenho...não te vou perder!
Personagem

Tábuas vazias que se enchem de vozes
Violentos passos em direcção a nada
Acendem-se luzes, pancadas atrozes
Como o raiar do sol na alvorada
Deixas esquecidas em papel antigo
Vozes adormecidas de quem já morreu
Abrem as cortinas e és tu comigo
Já não há limite entre o teu e o meu
Vives por momentos o que és em ti
Empresto-te o corpo e o sentimento
Se estás feliz a minha boca ri
Se te queres mexer eu sou movimento
Empresto-te o choro, a mágoa e a dor
São teus o meu corpo e a minha vontade
Dou-te os sentimentos, revolta e amor
E tu...és capaz de me dar verdade?

E aqui estou eu a libertar almas
Vivendo na pele o calor e o frio
E no fim do acto...e no fim das palmas
O regresso à noite, o vazio...
Quem és?

Hei-de contar-te em todas as palavras
Hei-de espalhar-te em memórias e ventos
Hei-de afogar-te em violentas vagas
Mas vou guardar-te em todos os momentos

Serás da lua uma chuva de prata
Do azul do céu serás o infinito
Em cada ferida és dor que não me mata
Mas que me arranha a voz a cada grito

Em cada sorriso vais ser luz
Cavalo branco e cavaleiro andante
Véu de mistério que envolve e seduz
Senhor da minha aura, meu amante

E se o meu sangue se juntar à terra
Na escuridão de não saber quem sou
À solidão vazia ganho a guerra
Transformarei em sonho o que te dou!

De que sou feita?

De memórias, de desejos
De histórias de encantar
De mil abraços e beijos
Que me obriguei a adiar

De sonhos tão coloridos
De escuras noites sombrias
De sorrisos, de gemidos
De angústias e de alegrias

Sou feita de tanto e nada
E tudo aquilo que vivi
É uma imagem apagada
Se não tiver fim em Ti!





Quem serás de novo?

Hoje juntas as palavras
Lês personagens que vivem sózinhos
Que se arrumaram em páginas
A quem destinaste um caminho
Não os deixas respirar
Toldas-lhes a visão, o brilho
Viver é mais do que amar!
Ser mãe não é ter um filho,
É ensiná-lo a sonhar!

Hoje segues as pegadas
Já desenhadas no tempo
Não soltas as gargalhadas

Deixa-me arrancar-te o véu
Que vestes em vez da cara
As nuvens não são o céu
O nosso tempo não pára
E tu, nunca foste meu
Nunca foste um corpo nu
Nunca foste um livro aberto
E para ti, já foste Tu?
Ou só andaste lá perto?